sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Nossa Lingua Portuguesa


A degradação da língua portuguesa.

Na última postagem pudemos rir um pouco as inusitadas placas espalhadas por este nosso Brasil. O assunto agora é sério e preocupante, no que pese alguns arautos da lingüística afirmarem que a língua portuguesa está em constante mutação e transformação, e realmente está; é perceptível a todos que essa mutação ou mudança se opera no viés da história, ou seja, a mudança tem sido para pior. É perceptível também o grande abismo entre nossa língua falada e a norma culta; aquela que é exigida nas escolas, nos concursos, e nas redações dos vestibulares, esse distanciamento faz com que ocorra um fenômeno onde percebemos a existência de duas línguas, a falada no dia a dia, nas ruas, com os amigos, e aquela inacessível que lutamos tanto para aprender para passar no vestibular; mas no dia a dia não terá muita valia, exceto aos que gostam de falar um português impecável e são rotulados de pedantes. O português falado no Além-mar não carrega toda essa discrepância entre o “falado e o escrito”, um cidadão português mediano, inclusive as crianças, sabem a língua e empenham-se para empregá-la corretamente; no Brasil temos a regra inversa, porque o idioma não tem um valor cultural e prevalece o menor esforço e descaso. Existe uma forte tendência em aceitar e adotar os diversos estrangeirismos, gírias, modismos; a tolerância a erros grassos é grande. O brasileiro, ao contrário do português, não encara o idioma como um patrimônio cultural a ser zelado, que seu conhecimento representa uma forma de qualificação pessoal, imagina que deve dominar algumas regras para empregá-las na comunicação escrita, enquanto que na fala tudo é liberado e permitido. Até profissionais que fazem amplo uso da comunicação escrita, tais como os advogados, demonstram certa permissividade, sobretudo os profissionais de menor idade, os correios eletrônicos, as mensagens instantâneas, o memorando, o aviso, a placa do comércio, todos possuem uma informalidade grande, ao ponto de permitir erros crassos; revelando assim, a incapacidade do brasileiro médio em redigir algumas linhas com um mínimo de correção, comoseria de esperar em pessoas alfabetizadas.

Certa corrente no Brasil enaltece o coloquial, tacha de preconceituosos o purismo idiomático e o padrão culto da língua. Mas há que se preservar a origem e o valor cultural do idioma pátrio, que de fato, muda, se transforma. Mas transformação não é sinônimo de degradação e decadência.

Tudo isso remete ao poema “Língua Portuguesa” de Olavo Bilac, que tem como primeiro verso:“Última flor do Lácio, inculta e bela”. Última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam e a mutilam (falando e escrevendo errado), mas que, ainda assim, continua a ser bela.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O tempo do horário eleitoral gratuito


Criado no Brasil em julho de 1965 ao lado do Código Eleitoral, o espaço tinha como escopo a apresentação das propostas dos candidatos embasada em um critério de igualdade na divisão do tempo.

As reformulações no decorrer dos anos deixaram, no entanto, o período desigual. No atual formato, um terço do tempo é dividido igualmente entre todos os postulantes. No entanto, a maior fatia está submissa proporcionalmente às bancadas dos partidos no Congresso.

Esse atual sistema de distribuição de horários para a propaganda eleitoral, a meu ver, não se coaduna em perfeita harmonia com a democracia, nem com a idéia de que o horário obrigatório tem a finalidade precípua de informar o eleitor. A Constituição brasileira assegurou aos partidos políticos acesso gratuito ao rádio e à televisão, através do artigo 17, parágrafo 3. º. Exposto isso, pode-se concluir que existe o direito positivo dos partidos políticos aos meios de informação. Está no inciso III, parágrafo 3. º, mas esses acessos ao direito de informação são distintos; temos a propaganda partidária e a propaganda eleitoral. A propaganda partidária, aquela veiculada fora do período eleitoral, poderia ser em função da proporcionalidade da bancada (mais coligações mais tempo), mas a eleitoral não devia funcionar por esse sistema, mas sim pela divisão igualitária do tempo para cada candidato. Qual plano de governo, por mais resumido que esteja pode ser exposto em um minuto de propaganda? A distribuição desigual só favorece ao continuísmo e a manutenção do “status quo”. Os candidatos já são previamente alocados em “os principais” os “secundários” e os “excluídos”, e estes por sua vez continuam cada vez mais excluídos, porque por mais que possuam boas idéias para solucionar os problemas do Brasil, é humanamente impossível expô-las em cinqüenta segundos ou um minuto de propaganda eleitoral. O tempo curto também não deixa de ser uma vantagem para aqueles que nada têm a dizer, já que serve de justificativa. “Ora, se não apresento nada de importante é porque não tenho tempo suficiente para isso”, e assim vão levando para quem sabe na próxima se lançar como vereador ou deputado estadual. Ficam à margem da propaganda eleitoral tentando angariar alguns votos como fez ha muito tempo atrás o Enéas, em alguns segundos de propaganda tornou-se o momento cômico do horário eleitoral, para depois de algum tempo ser o deputado federal mais votado do Brasil. A divisão igualitário do tempo por si só já eliminaria os que nada têm a dizer e, aos que têm, os abrigaria a ser mais concisos e objetivos. O povo teria mais subsídios para avaliar os candidatos e a democracia agradeceria.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ataque ao batalhão da ROTA.
(O poder paralelo aprontando de novo)

Vamos imaginar um negócio que dá lucros de 80% ao ano, não tem sazonalidade, não é afetado por nenhuma crise local nem internacional e não recolhe nenhum tributo, estamos falando de um negócio que fatura 1 bilhão e 400 milhões de reais por ano no país; sim estamos falando do tráfico de drogas. E por mais que os falaciosos “especialistas” em segurança pública digam que o tráfico no país não é organizado, isso não passa de uma grande mentira. O tráfico envolve uma intrincada cadeia econômica, logística para transportar a droga dos produtores da bolívia, Colômbia e Paraguai, teia de contatos para distribuição nos pontos de vendas, rede de contatos para compra de armamentos de guerra, domínio e aliciamento dos moradores das comunidades, etc. Ora se isso não é crime organizado, eu não sei qual o conceito de organização que esses supostos especialista têm. Com todo esse poderio econômico e armas pesadas, R$ 1,4 bilhões é exatamente o mesmo valor que o governo federal anunciou de investimento no PRONASCI (programa nacional de segurança pública com cidadania), isso mesmo, o crime fatura exatamente o valor que o governo investe em segurança pública. Com todo esse prognóstico macabro é difícil acreditar nas palavras do governador do Estado de são Paulo quando disse que não acredita que os ataques sofridos pelo batalhão da ROTA sejam parte de uma ação organizada contra as forças de segurança. Que a criminalidade e violência acuaram os cidadãos isso não é nenhuma novidade, há muito tempo somos reféns da bandidagem. A grande novidade é que a criminalidade começa, ou recomeça a acuar os poderes constituídos e eles fingem acreditar que isso não é verdade. No primeiro dia do mês de agosto de 2011, o batalhão da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar – ROTA foi alvo de ataque a tiros 24 horas após o seu comandante também ter sofrido um atentado. A mesma ROTA que décadas atrás impunha medo e terror na bandidagem agora fica acuada, e porque não suscitar o ataque do PCC de 2006? Quando o poder público ficou a mercê de ataques a órgãos públicos, banco, policiais, ônibus que vitimou mais de 200 pessoas, orquestrados dentro dos presídios? Será que aí começou a se desenhar esse prognóstico macabro? A grande coincidência, 2006 era ano eleitoral como também é agora. Vamos aguardar e conferir as novas promessas, aguardar em casa e bem trancados!