segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A chama eterna (e revoltante) da hipocrisia.


Vendo o noticiário matinal que tratava do tema “renúncia do papa” (diga-se de passagem essa renúncia está recheada de jogadas de marketing), mais uma denuncia grave veio a baila. O cardeal Keith O´Brian de 74 anos foi acusado de abuso sexual na década de 80. Faz-se necessário lembrar que um Cardeal é um alto dignitário da Igreja Católica e assiste diretamente o Papa, nem precisava dizer que os Papas são ex cardeais e são votados pelo Colégio de Cardeais. Se um homem que em tese poderia ser o sucessor de Paus Benedictus XVI (Bento XVI), ou seja, um “papabli” tem uma conduta moral tão indigna e deplorável, a pergunta que fica é: O que podemos esperar do escalão mais baixo da Igreja? Na verdade não precisamos esperar mais nada, os fatos já demonstram a realidade e respondem a pergunta. Existem exceções? Claro! Mas quando a conduta moral digna e reta passa a ser uma exceção têm um grande problema. O problema da hipocrisia.
O exemplo com a igreja católica foi só pontual, serviu para abrir o artigo por se tratar de uma notícia atual, o problema ocorre em todo meio religioso, mais sistemático no cristianismo e muito mais ainda no meio evangélico. Definitivamente o mundo não precisa de pregadores, o mundo precisa de pessoas que vivam de acordo com os seus valores morais. Um ser desprovido de moral, que assim se apresenta para o mundo e age como tal, é mais valoroso que um ser que se traveste de santo e é podre e nefasto. Quanto ao primeiro tipo, você pode fazer um juízo de valor e decidir se afastar, mas o segundo tipo, como é hipócrita e mentiroso, engana ludibria e causa prejuízos sérios a pessoas de boa fé.
Creio que o problema sistemático da hipocrisia no meio religioso se resume a um conflito de valores. Os valores supostamente determinados por Deus e os valores pessoais que muitas vezes não são compatíveis com os primeiros. O crente não tem condições morais de seguir o que “Deus” determina, logo, se traveste de valoroso para demonstrar que vive de acordo com tais ditames, mas no fundo não é capaz de vivê-los por não possuir arcabouço ético para isso e assim, passa sua existência em eterno conflito, prega a pureza e a santidade mas, em sua vida privada é tão desprezível quanto a de um rato que revolve o seu lixo no meio da noite. Estou falando dos padres que rezam a missa e ministram o sacramento pregam com fervor e logo em seguida são flagrados em suas alcovas em atos libidinosos, muitas vezes além de libidinosos são também criminosos como os pedófilos. Os pastores assassinos que são presos durante os cultos como ocorreu em Sumaré-SP, os que estupram e matam garotas de 10 anos, o que assassinou o Lucas Terra e assim por diante (os casos são inúmeros e sistemáticos). O mais interessante disso é que nem os presidiários, cujo arcabouço moral é tido como o mais primitivo e deficiente, toleram os estupradores e pedófilos, até mesmo o valor moral, rústico e primitivo de um criminoso, homicida, latrocida, etc; é capaz de repudiar esses atos praticados por pessoas que vociferam o nome de Deus com tanta veemência.
O criminoso, assassino, latrocida, seqüestrador, assaltante de banco, que assim é, que assim se apresenta e assim vive; tem mais valor que um engravatado com bíblia debaixo do braço que fala no nome de Deus, mas no fundo tem índole igual a do primeiro grupo. Para mim eles têm mais valor por serem autênticos. Com certeza você não travaria relações com um bandido confesso....mas poderia cometer o erro de ser seguidor de um assassino travestido de pastor (ou padre)!