segunda-feira, 18 de julho de 2011

Desmistificando o vinho - e os enochatos.

É verdade que o Brasil não tem tradição em vinhos, mas a história está mudando, a Serra Gaúcha com seu clima propício e o Vale do São Francisco com irrigação controlada, produzem vinhos de mesa de qualidade superior que vão agradar qualquer enólogo, enófilo ou enochato!

Já que citamos os enochatos vamos falar um pouquinho sobre eles! No que pese estarmos avançados na produção de vinhos, a maioria do brasileiro ainda não aprecia essa espetacular bebida, o vinho está mistificado, está reservado para uma pequena parcela de semideuses que têm a capacidade de apreciá-lo e reconhecer todas as suas qualidades, aromas buquets, e defeitos! ESSE É UM GRANDE E NEFASTO MITO! O Brasil também não tem tradição em cerveja, embora sejamos o 5º maior produtor do mundo, a cerveja brasileira é fabricada a baixo custo; usando-se cereais maltados e não maltados em proporções mais “práticas e rápidas”, no final vira uma bebida ruim, aguada e barata, a verdade é que a cerveja brasileira é um lixo, do pondo de vista de um degustador. Brasileiro bebe arroz e milho fermentado, por isso nossa cultura impõe que se tome cerveja muito gelada – para mascarar a baixa qualidade. Mesmo assim não é raro encontrarmos em mesas de bar “profundos” conhecedores de cerveja, inclusive gabando-se de conhecer somente pelo sabor diversas marcas – A próxima postagem eu falo um pouco mais da cerveja – O objetivo aqui é o vinho.

Não podemos concordar com a idéia de que o vinho é “bebida de rico” como afirmam alguns desavisados, é possível adquirir um bom exemplar, nacional ou importado, por um preço acessível, mais barato que um whisky razoável ou uma boa vodca, resumindo por R$ 17,50 você toma um vinho descente e de boa qualidade, mas com esse valor você não toma uma cerveja top de linha, muito menos uma única dose de bom whisky.

Outro responsável pela quase sacralização do vinho são os enochatos, ah como são insuportáveis! Aliás, acho que chato é sempre um chato, não existe chato nisso ou chato naquilo, enochato é um chato que por acaso gosta de vinho. São aqueles caras que gostam de se gabar e se aparecer descrevendo buquets incompreensíveis tais como, “gosto de folhas silvestres da primavera com caramelo”, sabor de cedro espanhol com toque de amoras”, analisando coloração, viscosidade, aromas básicos, terciários e complexos, retro-sabores, acidez, metem o nariz na taça, fungam, refungam e os cambau. Isso existe? Sim isso existe, a profissão de enólogo confere ao profissional a capacidade de se fazer análises inimagináveis sobre a qualidade de um vinho, desde a safra, região, condições de clima e solo da produção de uvas até o processo de vinificação e engarrafamento – sim, mas isso tudo é para o enólogo – o cara que é o cientista do vinho, digamos assim! Quem não é enólogo e se prende a essas bobagens, é na verdade o enochato!! Qual então o vinho bom e o vinho ruim? O vinho bom é aquele que agrada ao paladar de quem o está degustando e ponto final! O gosto é uma coisa pessoal! Claro que com o tempo e o refinamento do paladar vamos aprimorando e melhorando nosso gosto sabendo reconhecer algumas nuances e o equilíbrio da bebida. Da mesma forma que há quem aprecie uma cerveja brasileira, aguada e vagabunda estupidamente gelada, há também aqueles que apreciam um vinho de garrafão com gosto de suco de uva, esse vinho é ruim? Do ponto de vista técnico sim, mas para quem bebe, que não é um técnico, e sim um apreciador pode ser que seja bom– gosto é pessoal!

Da próxima vez que pensar em tomar alguma bebida, escolha um vinho. Não precisa ir a uma adega especializada, vá a um supermercado mesmo, em alguns é possível encontrar muita coisa boa, compre o que estiver dentro do seu orçamento, seja nacional ou importado, aprecie, sinta o sabor procure harmonizar com a comida, observe o sabor, veja se lhe agrada, agradou? Então esse é um bom vinho para você e não precisa saber mais nada além disso!

Agora, se quiser aprimorar o paladar, conhecer detalhes tais como safras, tipos de cepas (uvas), acidez, acidez total e fixa, acidez volátil, adstringência, equilíbrio, açúcar tartárico e residual conhecer mais sobre a bebida e seus minunciosos detalhes; aí é outra história, você vai para uma segunda, terceira, quarta, quinta.... etapas, mas só se quiser e estiver a fim disso! O importante, a saber é: – Você não precisa ser enólogo, sommelier nem enochato para tomar e apreciar o SEU VINHO.

Saúde!!