Há mais de dois mil anos a
democracia, que teve como nascedouro a Grécia antiga, fascina o homem; é
admitida como o sistema ideal, sobretudo diante dos avanços verificados na
humanidade. Não se admite, no mundo moderno, nenhum governo cujas bases não estejam
assentadas sobre a democracia. A democracia é a máxima expressão da liberdade.
Sob a ótica política, em nosso
país, a democracia garante o sistema de governo presidencialista e forma de
governo republicana, nossa democracia é a indireta; ou seja, o povo, detentor
do poder, elege representantes em mandatos políticos , que por sua vez agirão
em nome desse mesmo povo, o poder é outorgado pelo povo aos seus
representantes. Do outro lado temos a democracia direta, onde o povo exerce o
poder democrático de forma direta. A democracia direta não é verificada em sua
plenitude no mundo, é exercida de forma excepcional em alguns países, inclusive
no Brasil (no referendo ou plebiscito, por exemplo, onde o povo, de forma
direta referenda alguma decisão ou decide sobre a aplicação de outras.
O grande problema da democracia
(aqui me refiro à democracia brasileira) é formado por alguns fatores, a saber:
1 – Parafraseando a máxima do
filme O Homem Aranha “grandes poderes pressupõem grandes responsabilidades”. O
povo, detentor legal do poder, via de regra, não tem formação política suficiente
para exercer tal poder, simplesmente delega, sem verificar as condições morais,
intelectuais, preparo do seu representante. A massa brasileira é inculta e
medíocre, se isso não bastasse ainda sofre grande manipulação dos poderosos
meios de comunicação e dos mesmos políticos que colocou no poder.
2 – Se não bastasse a falta de
critério para escolher seus representantes, também não os fiscaliza depois de
eleitos, não participa do processo, não entende, não interage e não cobra. O
papel democrático do brasileiro se resume em ir às urnas em época eleitoral, no primeiro domingo de
outubro, depois disso assiste de camarote aos escândalos de corrupção que
destroem o pais como se nada tivesse a ver com isso.
3 – Os políticos, via de regra,
perderam a percepção de que o poder emana do povo, não se sentem nem se imaginam
representantes daqueles que o elegeram, esperam do povo apenas o voto, a partir
daí, seguem defendendo os seus próprios interesses, muitos dos quais escusos, e
outros contrários aos interesses dos seus representados.
4 – Como não tem condição
intelectual de avaliar o melhor representante para si, ciente do poder que tem nas
mãos no momento da eleição, barganha seu poder, barganha sua consciência, troca
seu voto por comida, bens insignificantes ou promessas fantasiosas e, já sendo
idiotizado; idiotiza-se mais ainda no momento que demonstra sua incapacidade
para escolher aqueles agirão em seu nome.
A questão é velha, a questão é
batida; mas é oportuna já que estamos em período eleitoral, o povo não tem
educação política, se não a tem é porque o governo não dá, e se não dá, é porque essa educação
contraria os interesses de manipulação de quem está no poder, daí se estabelece
o círculo vicioso. Povo esclarecido é povo livre e povo livre não mantém essa
classe política podre que está no poder.
Se ao governo não interessa dar
esclarecimento ao povo, o povo tem de sair desse círculo por seus próprios
meios; isso é possível, vivemos num mundo globalizado, na era da informação,
tudo circula em velocidade alucinante pelos meios de comunicação – pela Internet.
O brasileiro precisa despertar, se conscientizar e buscar por seus próprios
meios a libertação, vencer o comodismo, a mediocridade, sua natureza indolente
para poder exercer de FATO seu poder. Só assim teremos um país melhor. Do
contrário a história se repetirá ad
infinitum . O povo não é vítima dos que estão no poder, o povo é vítima de
si mesmo, vítima da sua própria ignorância e desinformação. Não precisamos de
mediocracia, isto é, de poder emanado e exercido por medíocres, precisamos da
verdadeira democracia.