A Flexibilidade
da língua escrita diante dos seus preceitos formais se dá, em maior grau, em
função da popularização da Internet. Hoje em dia escrevemos muito mais que
antes, blogs, Messenger, redes sociais, etc. Passamos cotidianamente a nos
comunicar pelo meio escrito com mais freqüência e com isso trouxemos a flexibilidade
da comunicação falada popular, mais descompromissada e que outrora era usada exclusivamente
na fala, para a comunicação escrita. A verdade é que basta percorrer algumas
paginas de redes sociais para ver que a escrita está cada vez mais perto da
fala, os vícios, neologismos, gírias, abreviações inexistentes e pequenos erros
que eram tolerados na comunicação falada no ambiente íntimo e privado, estão
agora contaminando a linguagem escrita.
Para nós o idioma não tem a mesma carga
cultural que tem para os Portugueses, falantes originais da língua, para o povo
brasileiro a língua é um mero instrumento de comunicação que serve
exclusivamente para passar uma mensagem, seja de que forma for. Em Portugal a
preocupação em se preservar o idioma, em falar com clareza e respeitando as
normas cultas é muito mais acentuada em todas as classes sociais.
A idéia de defender que a fala e a escrita devem ocorrer
sob os auspícios da norma culta gera polêmica. Sempre haverá alguma discussão
entre diversos representantes de algumas correntes que circulam pelo Brasil, os
lingüistas apregoam que o importante é se comunicar, que até mesmo os erros têm
valor sob o aspecto cultural; do outro lado os gramáticos, tradicionalistas que
zelam e cuidam dos princípios basilares que sustentam nosso idioma valorizam a
normatização. A grande verdade é que no Brasil funciona mais ou menos assim: Se
estou me preparando para algum exame, um concurso público, uma vaga para
emprego, ou se vou prestar vestibular, então me preocupo com a norma culta, na
Internet, mandando um e-mail, me comunicando com amigos e vizinhos, pouco
importa. Esse é mais ou menos o cenário, é o que pensa a maioria dos falantes
do português, sobretudo os jovens.
A língua portuguesa é cheia de regras, de normas absurdas,
para que tanta regra sem sentido? Temos de decorar esse monte de coisas, etc. Quem
nunca escutou esse tipo de comentário? Principalmente entre os jovens? Ocorre
meus nobres, que desde que o homem saiu da caverna, que adquiriu um pouco de
inteligência (se é que adquiriu) e passou a se organizar em sociedade, ele
criou e cria regras, existem regras para as relações comerciais, profissionais,
leis, decretos, códigos de ética profissional. Para quem gosta de futebol, pergunto
- o futebol também não tem regras? O Tênis o Judô a natação o vôlei e o
basquete ou qualquer outro esporte? Dentro da sua casa também não existem
regras? No seu trabalho, no seu clube, na sua academia de ginástica, no seu
bairro, em tudo isso não há regras? Tudo não está normatizado e regulado? Então
porque criticam as regras da língua portuguesa? Ninguém quer infringir as
normas do Código Penal para não ir para a cadeia, mas todos querem infringir as
normas do Português.
Popularmente se diz que um dos idiomas mais difíceis de
aprender é o chinês; Ora, vá à china e verá crianças de 3 ou 4 anos falando
chinês. Então se uma criança dessa idade consegue falar um idioma tão difícil
porque é que aqui no Brasil agente insiste um falar e agora em escrever errado?
Porque o MEC adota um livro para o ensino nas escolas defendendo que o idioma
chulo também é válido? Será que o MEC não acredita no potencial dos brasileiros
em aprender as regras do português?
Se algum professor de português se der ao
trabalho de analisar meu texto, certamente poderá encontrar algum deslize semântico
ou gramatical, ou vários, ao menos estou me esforçando para cumprir com minha
obrigação, o que precisamos é deixar de sermos medíocres e parar com tantas
alegações cretinas (que diga-se de passagem, nós brasileiros gostamos muito de
fazer) e passar a entender que tudo gira em torno de regras, inclusive a Língua
Portuguesa.
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