Seguindo a receita dos novos cursinhos preparatórios para o vestibular, que parece ser uma tendência contemporânea, surge com todo o impulso que o modismo costuma trazer, a literatura e consultoria para driblar a acirrada concorrência do mercado de trabalho. Aspirantes a executivos consomem livros e mais livros, assistem palestras e aprendem como os domínios de algumas técnicas podem driblar a verdadeira competência. Para que Estudar física se podemos decorar as respostas das questões mais recorrentes do vestibular?
Como também atuo profissionalmente no mundo corporativo, não posso me abster da análise da literatura da área. Sempre tive uma certa restrição quanto a “best Sellers”; até porque num país com os piores índices de leitura, perdendo inclusive para seus vizinhos na América do Sul fica difícil acreditar em campeões de venda. Exceto aquelas obras consagradas mundialmente.
Recentemente estive lendo algumas obras de Max Gehringer e me causou espanto a maneira como o ex Office boy da Cica aborda questões do mundo corporativo. Na sua obra “comédia corporativa” ele conta uma historinha que se passou na faculdade sobre o Raul e o Pena. O Raul era o aluno insolente, preguiçoso que se apoiava no Pena, que segundo o livro era quase um gênio, o Pena fazia todos os trabalhos, redigia bem, falava com desenvoltura e era peça chave para garantir as boas notas do grupo, enquanto que o Raul, quando questionado qual era sua função dizia: - “Eu apoio o Pena”. Muitos anos depois já no mercado de trabalho o Gênio pena consegue uma vaga numa importante companhia e para sua surpresa descobre que o diretor geral era ninguém menos que o Raul, isso mesmo, aquele mesmo Raul que só tirava notas boas às custas de seus esforços. Segundo o Autor (Max Gehringer), Raul, embora não tivesse competência, “entendia de gente”. Ficou claro para mim a apologia ao truque, macete, puxa saquismo em detrimento da verdadeira competência que o profissional deveria ter. “Não aborde seu chefe no banheiro” outra obra recheada de pérolas, na verdade uma coletânea dos artigos escritos na Você S/A da editora Globo, onde o autor cria situações caricaturadas para formar pano de fundo para seus comentários e considerações equivocadas, partindo de premissas falsas, faz igualmente considerações falsas que não representam o mundo corporativo real.
Depois da incursão nessa literatura barata resolvi ler “As máximas e mínimas da comédia corporativa”, um desmembramento da primeira obra, resgatando e desmembrando mais e mais pérolas na tentativa de vender mais livros.
Em “Big Max – vocabulário corporativo” você vai aprender a usar as palavras e termos do mundo corporativo, causar boa impressão, impacto sem necessariamente saber o que está dizendo.
Como toda literatura feita para vender, as obras de Max devem ser lidas com o senso crítico afiadíssimo, separando o joio do trigo (mais joio do que trigo) então daí é possível extrair alguma coisa substanciosa. Na minha opinião não é uma leitura recomendada para os que ainda não estão familiarizados com o mundo dos negócios por trazer pontos de vistas unilaterais sobre as relações entre chefe e empregado e exemplos e casos que precisam ser relativizados.
Não existe fórmula mágica para o mercado de trabalho e o mundo corporativo, existem sim, competências que são adquiridas com muito estudo, persistência, perseverança e disciplina.
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Um comentário:
O Max Gehringer teve uma grande sacada quando vislumbrou essa lacuna no mercado editorial, tanto que abandonou sua carreira executiva para se dedicar a "consultoria", palestras e livros. Não foi o primeiro nem será o ultimo oportunista, pelo menos suas dicas funcionaram para ele mesmo! afinal ele está ganhando rios de dinheiro
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